Incentivado pela mulher, Roberto cuida do visual no Studio Lorena. Em casa, o cabelo é tratado com uma linha para homens composta por xampu, condicionador e finalizador Foto: Amana Salles/Fotoarena |
Eles estão buscando ambientes personalizados
Roberto Almeida Prado, 34, aproveita o horário de almoço para cuidar da beleza. Executivo de um grande banco, ele aceita falar ao iG sobre vaidade, mas já sabe que terá que aguentar a “zoeira” dos colegas de trabalho. Em contrapartida, no salão, não há constrangimento. O cliente é atendido em uma sala especial para homens, no piso superior do Studio Lorena, na zona sul de São Paulo.
O ambiente é sóbrio, gelado e tem revistas masculinas à disposição. Roberto é recebido por Luiz Silva, responsável pelo corte e coloração. “Faço um tipo de tonalização no cabelo dele, para dar uma maquiada nos poucos fios brancos”, explica o hair stylist. Do lavatório, o cliente ouve o papo e pede: “Fala que é de homem, Luiz”. O cabeleireiro acha graça e diz que os homens ainda buscam uma posição confortável entre a vaidade e a macheza.É nesse contexto que a personalização do atendimento faz a diferença. Segundo Maria Amélia Abdala, responsável pela Targets Eventos, o homem moderno anseia por cuidar da aparência, mas sem perder suas características tão próprias, como a virilidade e o bom-humor. “Ele não vai comprar um produto para olheira, mas sim um creme rebate ressaca”, exemplifica a executiva, que neste mês promove o evento Men´s Beauty Show, em São Paulo.
Também na capital paulista, o badalado salão Marcos Proença reserva um ambiente bem masculino aos clientes, longe do burburinho das moças e senhoras que por lá passam. “A sala é fechada e mais afastada”, diz o cabeleireiro Vinicius Silveira. Segundo ele, o reflexo inverso é o campeão de pedidos entre os maduros. A técnica, semelhante às luzes em cabelos femininos, cria mechas mais escuras ao substituir o pó descolorante pela tintura. No melhor estilo Richard Gere, é possível disfarçar os fios brancos sem perder a naturalidade do cabelo grisalho.
Além das salas especiais, muitos salões direcionam o foco exclusivamente para o público masculino. Bom exemplo é o Red Salon, na capital carioca, no qual mulheres não entram. “Elas até tentam, mas a gente barra gentilmente”, garante o gerente da unidade Copacabana, Jorge Luiz Mathias Filho. “Pode ser constrangedor para um homem cuidar da beleza ao lado de uma mulher. Aqui eles ficam à vontade, tomam cerveja, contam histórias e jogam PlayStation com os amigos”.
Foto: Geraldo Bubniak/Fotoarena |
Segundo a proprietária do estabelecimento, Meire Ferreira, o despojamento alivia o constrangimento do homem em se submeter aos procedimentos estéticos. De jovens modernos a senhores distintos, cerca de mil e quinhentos clientes passam pelo salão mensalmente. “Eles estão começando a frequentar cedo. Hoje, aos oito anos, os meninos não querem mais ir à cabeleireira com suas mães. É chato, dá vergonha. Então eles vêm com os pais”, diz.
Mas ainda há muito para ser conquistado. Nem todos os homens topam assumir a vaidade em público, seja entre as mulheres ou em clubes do Bolinha. Para os mais conversadores – ou quem sabe, com menos tempo – o atendimento no escritório ou na própria residência é a saída. Ramon Quinhones, do Absolute Corpo e Beleza, costuma prestar serviços delivery. “Vou com a equipe toda, inclusive manicure. É comum marcarem entre um compromisso e outro ou aos domingos, quando eles têm algum tempo livre”, diz.
Barba, cabelo e... depilação
Foto: Geraldo Bubniak\Fotoarena |
O bancário ainda não sabe, mas seu dilema não é nada perto de uma nova moda. Agora, eles fazem depilação íntima completa. Com-ple-ta!
Sobre o serviço – um tanto controverso – Meire define bem: “É frente e verso”. Entre os habitués está um senhor de 60 anos. “Geralmente, as mulheres pedem para que os seus maridos façam. E depois que eles depilam pela primeira vez e experimentam a sensação de leveza e higiene, não param mais”, garante. Nos outros salões consultados, a grande procura pela remoção de pelos sinaliza uma preocupação recorrente entre os homens. “Eles estão buscando soluções, principalmente para lidar com os pelos”, analisa Maria Amélia.
A beleza dos homens em números
• R$100 é o preço para fazer a depilação íntima completa no Barbearia Clube.
• 5 minutos é o tempo que leva para tonalizar o cabelo com o Cover 5, produto da L’Oréal especialmente desenvolvido para homens – e usado por Roberto.
• Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), o mercado brasileiro de produtos masculinos movimentou US$ 2,29 bilhões no ano de 2009, mantendo segunda colocação no ranking mundial, com participação de 8,6%.
• O País só perde para os Estados Unidos, que somam 18,1% do mercado mundial e US$ 4,83 bilhões em faturamento.
• Apesar da vaidade crescente, os homens ainda são minorias nas salas de espera dos cirurgiões plásticos. De acordo com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, 55 mil homens se submeteram a algum procedimento estético em 2009, contra 402 mil de mulheres.
• Dos homens que procuram um cirurgião plástico em busca de algum procedimento estético, cerca de 60% vão acompanhados por suas esposas ou incentivados por elas, garante o médico David Di Sessa, membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.
por Paula Balsinelli (iG, São Paulo)
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