Ácidos como o retinoico, salicílico, glicólico e ferúlico possuem ações diferentes na pele; veja abaixo as explicações e indicações dos especialistas |
Durante muito tempo o uso dos ácidos foi segredo guardado a sete chaves
entre farmacêuticos, químicos e dermatologistas. Hoje em dia, é comum
que um cosmético eficaz tenha pelo menos um ácido na fórmula. Não à toa.
Eles são matéria-prima essencial para a maioria dos tratamentos
tópicos, seja em cosméticos ou no consultório, como é o caso dos
peelings químicos. O motivo? “Quimicamente falando, são substâncias com
diversas propriedades, assim denominadas por terem pH menor do que 7.0,
que é bem próximo ao da pele.
Justamente por serem compatíveis com a
cútis é que promovem muitos benefícios”, explica João Carlos Lopes
Simão, coordenador do ambulatório de cosmiatria do Hospital das Clínicas
da USP, de Ribeirão Preto (SP). “O pH é a única característica comum
aos ácidos, porque na prática eles têm funções diferentes como a de
clarear, prevenir envelhecimento, combater oleosidade e até hidratar
profundamente. Tudo depende de como são utilizados.
O ácido glicólico e o
salicílico, só para citar dois, podem ser usados em peelings, com um pH
muito mais baixo do que o da pele, esse processo causa descamação e
promove a renovação celular por efeito químico, que leva à produção de
novo colágeno. Assim, dependendo da concentração dos ácidos e do ph da
fórmula, podem ser tratados casos de envelhecimento avançado ou manchas
resistentes, por exemplo”, completa o médico.
Nível de eficácia
As fórmulas manipuladas à base de ácidos, prescritas por um médico –
por serem personalizadas de acordo com a necessidade da pele e poderem
ter concentrações um pouco maiores do que os cosméticos prontos – são,
sem dúvida, mais eficazes que os produtos industrializados, que, por sua
vez, vale ressaltar aqui, também são eficazes e podem ser suficientes,
dependendo da situação. “A eficácia de cada ácido depende de um conjunto
de fatores, como concentração, veículo (se é creme, gel etc.) e o tipo
de pele a ser aplicado.
Cada paciente é um caso que deve ser avaliado
individualmente”, explica o dermatologista Marcelo Bellini, especialista
pela Sociedade Brasileira de Dermatologia e membro da Academia
Americana de Dermatologia. “As peles mais envelhecidas, por exemplo, por
terem uma textura mais grossa, são mais resistentes aos ácidos. O
importante é acompanhar a resposta de cada tratamento e se for o caso
mudar a concentração ou o tipo de ácido, para obter melhores
resultados”, acrescenta a dermatologista Samanta Nunes, de São Paulo.
Conheça os benefícios dos ácidos mais comuns
Entenda a diferença entre os ácidos mais utilizados, em tratamentos
tópicos e industrializados, e saiba que benefícios cada um deles promove
na pele:
Glicólico – Está contido nas fórmulas de diversos
produtos de tratamento, tem a função de renovação celular, estímulo da
produção de colágeno, atua no fechamento dos poros e revitaliza a pele.
Salicílico – É um dos mais antigos nas formulações da
indústria cosmética. “Tem função queratolítica, que leva a uma
descamação da camada superficial da pele promovendo a renovação celular.
Também atua no controle da atividade da glândula sebácea, sendo muito
útil para tratar pele oleosa ou com acne”, explica o dermatologista
Marcelo Bellini. “Também tem indicação para manchas superficiais e poros
dilatados”, acrescenta João Carlos.
Hialurônico – Na verdade, o ácido hialurônico é um
componente natural da pele. “Aplicado topicamente proporciona
hidratação, impedindo a perda de água pela cútis. Essa ação faz da
substância um potente hidratante”, explica João Carlos. “Também é
utilizado como ativo preenchedor, quando injetado, o que melhora o
aspecto das rugas e da flacidez facial”, acrescenta Samanta Nunes.
Retinoico
– Promove os mesmos efeitos do ácido glicólico, porém é mais potente.
“É o ativo antienvelhecimento mais eficaz que existe. Age profundamente
na pele, aumentando a produção de colágeno. Assim, melhora a aparência
geral da pele, diminui as rugas, as manchas e melhora a textura de um
modo geral”, pontua o dermatologista João Carlos, da USP. “Geralmente é
associado a clareadores e muito usado nos peelings químicos”, lembra
Samanta Nunes. Em tempo: por ser considerado um medicamento pela Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seu uso é controlado,
portanto liberado para as fórmulas manipuladas, que têm prescrição
médica, e para os tratamentos realizados em consultório. Produtos
industrializados que contêm ácido retinoico também precisam de receita e
acompanhamento médico.
Kójico – É um dos mais recentes usados pela indústria
cosmética. “Sua função é clareadora, pois atua como um inibidor das
etapas de formação da melanina”, esclarece Marcelo Bellini.
Ferúlico – Também é recente a utilização de seus
benefícios em cosméticos. “É um agente antioxidante, previne o
envelhecimento e ameniza a ação dos raios ultravioletas na pele”, resume
João Carlos. A dermatologista Samanta Nunes completa: “É um dos ácidos
mais suaves, indicado para peles jovens. Melhora o viço e a textura da
pele”.
por Isabela Leal, UOL São Paulo
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